quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Ferida aberta

Dói, dói, dói...
Que bate, dói, dói...

Dói da ponta
dupla
que meu cabelo faz
até a unha
dura
do meu mindinho
do pé
que ta guardado
pra quando
a minha caixa
torácica
acordar doendo,
ou pra quando
as unhas das mãos
acabarem.

Dói a quantidade
de roupa dos outros
que só passaram.
Dói a quantidade
de roupa minha
que foi
e não voltou.
Dói do tamanho
da chama de fogo
que sai
da minha boca
quando grito
na sua cara
que
ja não tenho mais
medo de você
EU NÃO TENHO MEDO DE VOCÊ
VOCÊ NÃO ME ASSUSTA MAIS.

Dói a altura
da minha janela
pro chão,
com todos os arranhões
que consegui
pulando
pra fugir
do cárcere
disfarçado
de amor
e cuidado.
Doeu mais
que todas as vezes
que ele
me machucou.

Doeu e ainda dói.
Ainda vai doer.
Não sei até quando,
espero que logo.

Vinte anos sozinha é muito tempo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário